sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Como trabalha o ARQUITETO

O trabalho do arquiteto muitas vezes não é bem compreendido. Por ser um serviço eminentemente virtual, é difícil ao leigo mensurar o quanto de trabalho e tempo está envolvido nas atividades do arquiteto. Esse desconhecimento pode levar à interpretações errôneas e stress entre as partes. Vou tentar esclarecer rapidamente alguns aspectos que acho importantes serem observados quando se contrata um arquiteto.

Então, o que faz um arquiteto? A formação do arquiteto possibilita uma vasta atuação, cabendo à ele atuar com atividades referentes a edificações, conjuntos arquitetônicos e monumentos, arquitetura paisagística e de interiores; planejamento físico, local, urbano e territorial, design, e serviços afins e correlatos. A formação do arquiteto é muito ampla e reúne não só matérias técnicas, como as mais conceituais. Versa tanto sobre resistência dos materiais, quanto sobre história e arte. O arquiteto é, antes de tudo, um humanista.
Talvez esteja aí a principal diferença entre engenheiros e arquitetos. Enquanto o primeiro está preocupado com o edifício, com as questões técnicas da construção, o segundo está preocupado com o ser humano que ocupará esta construção. Com o indivíduo, com as relações entre o homem e o espaço construído.

É tarefa do arquiteto dedicar-se a criar espaços que serão ocupados por outras pessoas. Para tanto, não pode perder de vista o possível do realizável, devendo sempre buscar soluções criativas e construtivas.

Quando começa um projeto, o arquiteto analisa primeiramente o terreno em que os prédios ou casas serão implantados. Há vizinhos? São altos, baixos, muitos ou poucos? Estão próximos ou distantes? O que há em volta, uma cidade ou uma montanha? Existem belas vistas para alguma direção? De que lado nasce o sol? É um local frio? O terreno é plano ou inclinado? Fica na praia ou no campo?

Às respostas obtidas, o arquiteto soma outras sobre as necessidades do cliente: de quantos quartos ele precisa, quantas pessoas vão habitar aquela futura casa, quanto dinheiro o cliente tem para gastar?

A partir desses questionamentos, o arquiteto monta o que chamamos de programa de necessidades, que vai embasar todo o projeto.

Com um programa em mãos, o arquiteto colocará toda a sua experiência de vida, os seus conhecimentos técnicos e artísticos a serviço do cliente. Buscará projetar o edifício mais eficiente e belo, mais bem inserido no lote, mais eficiente energeticamente e que melhor responda às necessidades e aspirações do cliente, tudo isso pelo melhor custo-benefício. Por isso que um “idéia” de arquiteto, não é apenas uma idéia. Ela é antes o resultado de todo esse conhecimento adquirido.

Na arquitetura de interiores o processo é o mesmo. O projeto arquitetônico é pensado como um todo, desde a disposição das paredes até a melhor disposição de um quadro. Tudo tem que resultar em uma unidade para não parecer que algo foi remendado ou sobreposto evitando assim criar conflitos de linguagem. Dentro do estilo desejado pelo cliente, é visualizado um resultado final geral, que vai guiar cada escolha de material, espaço e os efeito que se quer dar como produto final. Isso direciona a escolha dos tipos de materiais, como também as soluções de desenho. Até um despretencioso friso na porta não é apenas risquinho uma vez q tem uma razão, e deve seguir uma proporção em espessura, uma determinada quantidade de repetições, uma direção e um desenho para passar o conceito, o efeito, e o estilo escolhido. Isso cabe quando se opta por um rodapé de determinado desenho e altura, para os detalhes do gesso, para o tom e desenho das cerâmicas, para o tipo de cortina e de iluminação, etc. Cada coisa no seu lugar, somadas, trarão o resultado imaginado no início. É ai que muitas vezes um elemento mais expressivo com tom carregado é indicado para compensar ou equilibrar o restante do ambiente com tons mais neutros, ou utilizado com a intenção de causar uma surpressa decorativa e justificada.

Importante também é destacar que qualquer alteração no curso, como uma nova disposição do ambiente, um novo revestimento, uma nova cor, ou mesmo uma nova ideia de ocupação para um espaço, requer do arquiteto a observação do seu reflexo nos demais itens que já fazem ou farão na composição do todo e, por isso, requer uma re-análise e esforço extra para as novas adequações.
Por isso, o ideal sempre é que o projeto que foi imaginado no todo pelo arquiteto possa ser por ele no todo executado. E, embora se saiba que por vezes o arquiteto é contratado para trabalhos pontuais e parciais, o que é natural, não se imagina que isto pode comprometer o resultado final.

Por fim, quanto ao projeto, alguns elementos oneram mais tempo e esforço de pesquisa do arquiteto, e outros menos, mas todos contribuem com a mesma importância para que o resultado final tenha sucesso, e tendo pensado e executado o projeto como um todo, os honorários finais são a média de todo o trabalho, onde uns serviços se equilibram com os demais, custando o justo pelo trabalho executado.

Torna-se necessário os esclarecimentos acima, uma vez que é comum aparecerem dúvidas quanto aos custos do arquiteto X seus esforços, lembrando que o maior esforço do arquiteto está em encontrar a solução ideal, que surpreenda e que traga um resultado que encante o cliente, e este trabalho não é palpável. Ele está na pesquisa e experiências e não na produção de material físico.


É este o serviço virtual do arquiteto que é de dificil mensuração pelo cliente mas que exige o maior esforço do mesmo.

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